terça-feira, 29 de maio de 2012

O Nazismo ainda vive, seja lá o nome que tenha, hoje

Às vezes, acontece de eu tratar um tema de forma sucinta, planejando, porém, retomar o assunto pouco depois de postá-lo, para complementações e conclusões. Mas a falta de tempo não permite...E os dias vão passando...E perco o fio da meada, a linha de raciocínio, a inspiração... Ou outras ideias, outros fatos se impõem, atropelando o tema anterior. No caso da  "Marcha da Morte", deu-se o inverso pois o tema "holocausto" é que se impunha sobre os outros...Depois de ler o relato de Michael Stivelman, entrevista publicada na Revista "O globo" da semana, deparei-me com o mesmo assunto quando folheava revistas velhas que pretendia descartar...Era a entrevista de outro sobrevivente, Alexander Liberman; e completei o texto citando outro "holocausto", a matança de milhões de cambojanos, também "escravizados" em campos de concentração, durante a ditadura do grupo comunista denominado Khmer Vermelho.

Um artigo da jornalista Cora Rónai, publicado no Jornal "O Globo", no último dia 24/05, me fez retornar ao assunto. Ela comenta o livro "Fuga do Campo 14", em que a autora, Blaine Harden, narra a jornada de um prisioneiro, Shin Dong-Hyuk, que nasceu e cresceu em um campo de concentração, na Coréia do Norte e que, aos treze anos, assistiu a execução da mãe e do irmão, delatados em seus planos de fuga.

Cora Rónai é enfática: "...é um livro terrível, mas fascinante. Devia ser leitura obrigatória para quem ainda vê estados totalitários com bons olhos..."

É óbvio que ela tem razão. Quando falamos em Nazismo e holocausto, o fazemos como se estivéssemos abordando um fato histórico, encerrado no passado e na memória desses sobreviventes. No entanto, o modus operandi nazista subsiste, é um mal contemporâneo, seja o autor o Khmer Vermelho cambojano, na década de 70, seja a Coréia do Norte nos dias presentes...

Recentemente, todos nos surpreendemos quando o povo da Coréia do Norte verteu rios de lágrimas pelo ditador Kim Jong-il, morto em dezembro de 2011. Assistimos a cenas patéticas, beirando a farsa, em que era evidente a  necessidade da lacrimejante população de demonstrar imensa dor, talvez para convencer possíveis espiões do governo da sinceridade de sentimentos que nutriam pelo defunto mas que, para os olhos atentos do expectador do Ocidente, estampou o terror e a falta de liberdade dessas pessoas.

É. Tem gente que acha bonito ser feio, que acredita que regimes totalitários tenham algo a oferecer, que possam varrer do mapa, a corrupção...

Esse tema não quer me abandonar, ou sou eu que me atenho ao assunto e, assim, o atraio...
Tanto que, hoje, sem que tivesse programado, assisti a um documentário sobre a luta de uma outra sobrevivente, a herdeira judia  Maria Altmann,  para recuperar telas do pintor austríaco Gustav Klimt, pertencentes ao acervo de seus ascendentes, a família Bloch-Bauer, expropriados de seus bens, na Áustria, durante a segunda guerra mundial. Somente em 2006, depois de batalha judicial movida, na Suprema Corte dos Estados Unidos, contra o Governo Austríaco, conseguiu recuperar as telas! Impressionante porque o documentário revelou, com provas fartas, que todos sabiam, desse, e de muitos outros saques! Havia, até, uma casa de leilões onde os bens confiscados eram adquiridos por aqueles que, não se compadecendo das vítimas do nazismo, aproveitavam as pechinchas. Escrúpulo, zero!

Segundo o documentário, algumas famílias que, nos dias de hoje, desfilam prestígio e probidade, construíram seus patrimônios sobre o sangue de judeus europeus, fazendo vistas grossas à origem dos bens saqueados pelos nazistas que, se dizendo a raça superior, se comportavam como reles ladrões e assassinos.


E, aqui, mais uma notícia sobre um outro julgamento, onde um tribunal alemão obrigou nazistas a devolver obras de artes roubadas, há mais de 70 anos, avaliadas em 5,66 milhões de dólares.

Não é demais reiterar: É bom abrir os olhos contra todo e qualquer preconceito, contra todo e qualquer fanatismo. A palavra é: "Aquilo que queres que os homens vós façam, fazei-o também a eles" (Mt, 7:12).

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