quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Um tabu: tratar a saúde mental

Três fatos, odiosamente corriqueiros, frequentam as manchetes dos jornais, em nosso país: as agressões a crianças, por pais e padastros, o assassinato de mulheres, por ex-companheiros, os desvios de recursos do orçamento público, por políticos e administradores. A covardia extrema é a marca desses comportamentos criminosos pois a vítima é surpreendida em completa fragilidade; seja o cidadão, traído por quem elegeu; seja a mulher, a mercê da insanidade machista; seja a criança, completamente desamparada no ambiente doméstico em que que deveria ter garantido o seu crescimento saudável.

A quantidade de mulheres assassinadas e de crianças agredidas, e muitas não resistem aos traumas sofridos, é assombrosa. Parece haver muitos "loucos" à solta. Na minha avaliação de leiga, trata-se de claro sintoma de desequilíbrio mental e emocional. A saúde mental da população deveria ser preocupação primordial do Ministério da Saúde. Contudo, não temos uma política pública para a saúde mental. O que temos é um imenso preconceito quanto ao tema "tratamento psiquiátrico e psicológico"; e todos se apressam em assegurar a própria sanidade mental, psíquica e emocional. Mas, como já disse o poeta Caetano Veloso "...De perto, ninguém é normal..."

E, o pior é que, mesmo para os que admitem a necessidade de apoio terapêutico, não há socorro à vista,  a não ser para os que detenham poder aquisitivo compatível com o alto custo das terapias. Ainda na minha avaliação de leiga, acredito que todos nós, absolutamente todos, precisamos de consultas periódicas com Psicólogos/Psiquiatras como rotina de saúde, da mesma forma com que frequentamos outros profissionais da Medicina. Mas isso é um tabu! Quantos de nós teríamos, em nossas jornadas de trabalho, comparecido ao RH da empresa, portando um atestado de um Psicólogo recomendando o afastamento por um dia, dois ou mais? No entanto, o próprio ambiente de trabalho é, muitas vezes, desestabilizador, verdadeira "fábrica de loucos". Busca-se o apaziguamento das inquietações nos "happy hour", com muita bebida. E, após "tranquilizados", os "doentes" retornam a seus lares onde, não raro, a família vira "saco de pancada".

Esse é o processo para muitos, dentre a maioria de nós, pobres mortais. Mas, o que dizer das altas autoridades que, em surto de ganância doentia, roubam o que pertence à coletividade, e se desculpam cinicamente alegando se tratar de "caixa 2"? Esses tem dinheiro de sobra para tratamento; mas qual, dentre todos, se auto-avaliará incapaz de administrar em decorrência da compulsão que têm por roubar?

Talvez Freud tenha razão, em sua teoria do desenvolvimento psicossexual, quanto aos desvios de personalidade como resultado de rupturas no amadurecimento da sexualidade. Por que tantas agressões são preferencialmente dirigidas a mulheres e crianças, por homens adultos? Por que a ganância masculina desmedida, consumada com a conquista do poder econômico e político, é coroada com a "conquista" de muitos elementos do sexo feminino? No baixo mundo da política, os poderosos colecionam amantes e desvios de conduta. E aqueles que, pela vida a fora,  tendo desfraldado a bandeira de repúdio ao homossexualismo, são descobertos em sua inclinação sexual secreta? Por que a excessiva preocupação, de muitos, com a inclinação sexual alheia?

Nenhum comentário: