terça-feira, 20 de junho de 2006

A PENA DOS ROMANOS E O BISTURI DO CIRURGIÃO

Lembro-me do quanto me horrorizei quando, ainda na escola de 1º grau estudando Historia Antiga, soube que os romanos portavam uma pena que usavam, de banquete em banquete, para provocar vômitos. Precisavam “desocupar espaço” para “honrar” os muitos convites recebidos. Já na década de 90, quando o chenical, aquele remédio que provoca diarréia, virou febre como método milagroso de emagrecimento, de imediato enxerguei a conexão com a pena dos antigos romanos: come-se além do necessário e depois ...

Um dia desses, a atriz e escritora Maitê Proença, em sua crônica semanal na revista “Época”, abordou corajosamente uma tema para lá de escatológico: o volume de esgoto matinal, no momento em que todos, ou pelo menos muitos, logo após a 1ª refeição, vão atender às “necessidades fisiológicas”. E ela, moradora do Rio de Janeiro, em plena Avenida Atlântica, se pôs a externar sua preocupação com o volume de dejetos lançados diariamente à Baia de Guanabara.

É fácil entender e compartilhar das preocupações da Maitê. Mas poderíamos reduzir drasticamente o volume de lixo, inclusive o de esgoto, que produzimos se disciplinássemos os nossos hábitos de consumo, inclusive a ingestão de alimentos. A verdade é que comemos muito mais do que aquilo de que necessitamos. Nossos exames de rotina, revelando altas taxas disto e daquilo outro, em nosso sangue, deixam evidente esses nossos hábitos nem um pouco civilizados. Se comêssemos somente o necessário, é possível que não houvesse fome para 1/3 da humanidade.

Quando, ao final da Idade Antiga, o Império Romano entrou em declínio suas terras passaram a ser invadidas por hordas de ...., de.... Bem, os romanos, orgulhosos de si e de seu vasto domínio, chamaram os invasores de bárbaros (ou estrangeiros).
Como eram hordas de povos primitivos, muito atrasados em relação à cultura romana, com o passar do tempo passou-se a utilizar o vocábulo “bárbaro” para designar o atraso, a falta de cultura.

Conclusão: Se é assim, somos todos bárbaros, inclusive os romanos, com esses hábitos primitivos, quase animalescos, ingerindo doses cavalares de açúcar, de carboidratos, de proteínas, de gordura... engendrando o surgimento do exército de obesos em contraposição ao exército de famintos.

E qual o remédio apontado para o mal da obesidade, agora em pleno século XXI:

a cirurgia de redução de estômago, que não passa da repetição do mesmo gesto de mais de 2000 anos atrás, agora muito mais sofisticado embora muito mais violento, de levar à garganta, a pena para induzir o vômito.

E onde está Educação? Onde está a Saúde?

A saúde vem de uma generosa e educada alma. E que Deus tenha piedade de todos nós!

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