domingo, 2 de setembro de 2007

O lixo e a "zelite"

O cineasta Felipe Lacerda, em entrevista à Revista da TV, "O Globo" deste final de semana, fala de seu documentário sobre Cuba, conta de sua estadia naquele país, das contradições surpreendentes que viu: para ter um telefone, é preciso pedir autorização ao Governo. Em compensação, até o lixeiro conhece Tolstoi, todos têm acesso à escola, aos médicos ... E eu, ainda ontem, ironizava Fidel, sugerindo que se estivesse à frente do império americano, com as restrições que impõe ao consumo, solucionaria metade dos problemas ambientais do planeta.

Mas, agora, falando sério: “liberdades amplas e irrestritas” (seja, lá, quanto ao que for, em que lugar for), seria um projeto viável?

Liberdade não pode ser sinônimo de esculhambação. O Consumo exagerado, a ingestão de alimentos à exaustão, logo convertida em esgoto, o desperdício da água tratada que todos nós, todos os dias, mandamos para o ralo ... toneladas de alimento atiradas ao lixo por falta de políticas de vigilância sanitária que disciplinem a doação de sobras ...

A “zelite” precisa, realmente, assumir o papel que lhe compete quanto às toneladas de lixo que gera. Brasília, por exemplo, é campeã. E, olha, não se trata do lixo moral, gente... Não é uma metáfora, ao estilo do Lula rsrsrsrsrsrs. É lixo mesmo. Brasília tem, também, a mais alta renda per capta do país. Na medida em que, por aqui, se ganha mais, o desperdício também é maior.

Segundo dados do Instituto Aqualung, “...Somente nos Estados Unidos são gerados 200 milhões de toneladas de lixo por ano, uma média de 725 quilos por habitante. Mesmo quando comparado com a capital do Brasil, que é quem mais desperdiça lixo, esse número é alarmante. Brasília produz 438 quilos por habitante por ano. Que dirá quando comparado aos países africanos, cuja média de consumo por habitante é 40 vezes menor do que a americana. ..."

Na cidade de São Paulo, as desigualdades sociais estão refletidas no lixo produzido (dados da COMLURB-RJ):

“As desigualdades que caracterizam São Paulo também se mostram na produção de lixo por habitante. Apesar de o paulistano jogar em média 890 gramas por dia - pouco mais de 3,5 litros -, a diferença entre periferia e bairros centrais chega a três vezes. Enquanto o morador de Guaianases despeja cerca de 0,5 quilo num dia, quem vive na região da Subprefeitura de Pinheiros joga 1,5 quilo de resíduos. Essas referências foram usadas pela Prefeitura na primeira distribuição de boletos da taxa de lixo, com sugestões da produção média e do valor a ser pago.”

Portanto, a “zelite”, incluindo o Presidente Lula e a turma do PT (que não se assumem como tal mas, de fato, o são) precisa se mancar, usar a educação que recebeu, em proveito próprio e dos outros. E eu também me incluo, sem hipocrisias.

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