terça-feira, 18 de novembro de 2008

Filho de peixe, peixinho é?

Pesquisas empreendidas por órgãos governamentais vem revelando a repercussão que tem a educação da mulher na saúde da família: mães mais bem educadas, filhos mais saudáveis. E, também no rendimento escolar dos jovens estudantes, essa equação se manifesta de modo que os filhos das classes mais pobres sempre estão em desvantagem.

É mais ou menos como aquele dito popular, “filho de peixe, peixinho é.”. Dependemos totalmente de nossos pais, e não somente nos primeiros anos de vida. Qualquer um de nós pode dar testemunho a esse respeito.

Quando contemplo o passado com o distanciamento que os meus 60 anos permitem, ou quando pequenos atos da vida presente me trazem reminiscências da infância, relembro os ensinamentos recebidos. Dificilmente transcorrem 24 horas sem que eu me veja repetindo: meu pai dizia que ...aprendi com meu pai que... minha mãe fazia assim... minha mãe não gostava de... E, a cada dia, me dou conta de que, com eles, aprendi quase tudo.

Nem todos, porém tiveram, ou tem, a mesma sorte. Com ou sem sorte, o que fica evidente é a poderosa influência da educação e as severas conseqüências de sua falta.

Aprendemos, com as mais variadas religiões, que somos seres dotados de alma, criados para uma vida que se estenderá após a morte do corpo físico. Mas o fato é que um grau maior ou menor de consciência quanto aos valores da civilização, quanto a ideais de paz e de fraternidade depende do quanto se tenha assimilado da educação recebida. Mesmo o sentimento de ser, realmente, dotado de uma alma, de existir além do corpo físico, vai depender dessa educação, do grau de refinamento adquirido por meio da educação.

O ser humano precisa ser ensinado para que possa descobrir a si próprio, explorar seus talentos e administrar suas vulnerabilidades, seus defeitos. A partir de uma base familiar suficientemente estável, podemos desenvolver um grau de auto-estima que nos sustentará pela vida afora, que nos permitirá acreditar na possibilidade de realizar desejos e sonhos.

Esses jovens que depredam, que agridem e matam, não tem sonhos, não se importam com o amanhã, acreditam que nada tem a perder. Essa crença, de nada ter a perder, está na raiz de qualquer ato de violência, principalmente dos jovens. O gosto pela aventura e pelo perigo, o baixo instinto de preservação que é natural nas primeiras etapas da vida, se associa a essa “crença”.

Essa galera, quando sonha, sonha limitado, sonhos de consumo ditados pelas propagandas do horário nobre da TV. E reproduzem o comportamento de adultos competitivos que andam por ai, se medindo pelo vestuário, pelo tamanho de bunda, peito e bíceps, pelos padrões consumistas do nosso tempo.

Por que essa turma parece não ter a menor auto-estima? Por que não conseguem se enxergar além dos limites do corpo, além das aparências? Onde teriam ficado os pais e a escola na transmissão de valores mais saudáveis? Parece que fincamos os pés em um círculo vicioso onde mal educados deseducam...Deseducados mal educam...

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