sexta-feira, 23 de março de 2012

Conivência, convivência, covardia, omissão... Será?

Ontem, descrevi minha perplexidade com aqueles que, orgulhosos das próprias trapaças e armações, legam aos filhos, além da fortuna que conseguem amealhar, seus modus-operandi, seu estilo criminoso de viver, de ludibriar...

Sempre retorno ao assunto "corrupção", neste espaço, porque o tema faz parte do meu cotidiano desde que, há mais de quarenta anos, ingressei no Serviço Público Federal, recém saída do segundo grau, depois de ser aprovada em concurso público para ocupar o cargo de contabilista.

Eram os tempos da antiga Inspetoria-Geral de Finanças, que acumulava as funções de administração financeira, contabilidade e auditoria, ainda na época da primeira reforma administrativa, com a publicação do Decreto-Lei 200/67.

Tenho motivos de sobra para me orgulhar de uma vida inteira dedicada a esse trabalho.

Em oposição àqueles que se orgulham, pelo motivo contrário, aqueles que, como eu disse na postagem de ontem, "acham bonito ser feio", estou convencida de que bonito, mesmo, é ser decente.

Lamento, porém, que tantos servidores públicos, com padrão de vida razoável, plano de saúde, boas escolas para os filhos e estabilidade garantida pelo RJU, não se compadeçam do restante da população...

Lamento que esse verdadeiro exército civil se encolha, medrosamente, não se arriscando a desobedecer, a contestar...

Como seria possível a prática tão aberta da corrupção, em ambiente administrativo tão hierarquizado e formal como o das repartições públicas? Eu não entendo.

Então, conjecturo porque a minha experiência me dá uma certeza: cada ato de gestão de recurso público requer muitas assinaturas, em muitas etapas, em níveis diferentes de gerência, cada nível exercendo papel próprio. Eu não acredito que todos se corrompam, que todos façam parte de esquemas... Provavelmente, muitos se omitem, não discutem, não reagem...

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